Devaneios perdidos

Friday, December 30, 2005

Só sei que é você

Frio, eu?
Imagina...
Apenas não quero perder o brilho
Que a luz, nos seus olhos, ilumina.
Deixa eu te contar os segredos
De toda minha ventura
E assim, poder te olhar sem medo:
Tudo te dizer com fervura.
Pois és a poesia
Que irradia em minhas veias,
Que me move dia a dia,
Que, de qualquer bobagem, me alheia.
Não me importa os vinte minutos a mais
Nem a hora e tal que te liguei
Se a minha elegia lhe trouxer um algo mais
De tudo aquilo que digo saber e não sei.

Wednesday, December 28, 2005

Teu nome

Sonhei com teu rosto,
O qual nunca vi.
Será que tua boca tem o gosto
Da fruta que ontem comi?
Seus cabelos eram lisos,
Batiam quase na cintura.
Misturavam-se aos nossos sorrisos
À medida de sua candura.
Mas suas palavras pude ler,
E a letra, decifrei com ardor.
É fácil gostar de você;
Difícil é não ter seu amor.

Friday, December 23, 2005

O fim do malandro

Desce ao pé do morro, peça socorro! O malandro deu pra chorar por causa da partida dela, uma tal de Izabela que, por ela, o fez enfeitiçar. Dizem que ele anda tão confuso, com a cabeça em parafuso, que deu pra devanear; a rabiscar uns versos no anverso de seu maço; a tropeçar os passos num caminho que não existe: Chegar até Recife. Faz tempo que não aparece aqui na esquina, que não procura outra menina a não ser por essa que se apossou de seu lado mais sombrio. Ouvi dizer que quer sair do Rio. Não de trem ou de navio, mas numa viagem alucinante que só rapé o faria adejar em terras nordestinas. Avante, patife! Escolheu Recife pra se enamorar e sonhar que um dia deixaria de vadiagem, sem saber que a nata da malandragem choraria sem poder se despedir. Pois ao se despir daquilo que pressentia, viu que já não havia como a fazer voltar e pela última vez tragou o cigarro de palha. Demonstrou que não era canalha ao perfurar seu pescoço, num esboço perfeito, com a afiada navalha.

Saturday, December 17, 2005

Alvorada

Inerte ao dissabor
impune do olhar.
Dá lágrima, o sabor
salgado a lhe molhar
os lábios sem mexer.
De tão entorpecido,
visão de emudecer;
cegar qualquer sentido,
pensar em coisas vãs.
Ficar inebriado
com o perfume da manhã
e entediado
com a ausência...
...qualquer coisa fugaz
que não seja carência.
Ah, tanto faz...

Sunday, December 11, 2005

A minha garota

Minha garota é bacana!
Quando me joga na cama,
Morde a ponta do meu pé.

Ela também é sacana.
Diz que não quer e me engana
Quando peço um cafuné.

Minha garota é maluca:
Tatuou meu nome na nuca
Falou: “isso sim é amor!”

Ela se amarra em sinuca,
Diz que sou “Zé Cumbuca”,
Que eu tenho calor.

Mas o que me atrai nessa louca
É o sotaque puxado e a voz rouca
Dizendo o que quer.

É que dela me orgulho:
É cerveja e bagulho.
Faz de mim o que quer!

Wednesday, December 07, 2005

3x4

Eu vou subir ao céu
Pra, de pirraça, apagar aquela estrela.
É que estou tão só, ao léu,
Fazendo companhia pra tristeza.
Pois me iludi quando pensei
Que ela luzia teu amor
E, quem diria, me enganei.
Tudo que eu vi me causou dor.
Já não me basta, simplesmente,
Fechar a minha janela
Se já se foi, indiferente,
Algo de bom que arranquei dela.
E o que sobrou
De tudo que pude suportar?
Uma linda foto que borrou
Quando meu pranto não pôde cessar

Sunday, December 04, 2005

Eu sei

Sei bem ta tua condição.
Sei tanto que vivo a sofrer
pela distância que separa a união,
pelo sorriso que não é possível ver.
Quero viver minha ilusão!
Quero tanto, mas não deixo de esquecer
que não é tão barata uma passagem de avião.
Mas que se for preciso, parcelo tudo pra lhe ver.
Sabe que apertou o coração?
Sei tanto que sabes, pois me disseste que sentiu
no peito aquela estranha aflição.
Pois quando me contou, o meu também se abriu.
Sei que queres me ouvir.
Sei pouco do que queres me mostrar.
Mas, se acaso você consentir,
será pouco todo amor a demonstrar.

Ponto de Partida

Começa aqui mais uma jornada do Devaneios Perdidos...